Pais e mães desempregados, negócios fechados e queda no faturamento. Essa é a situação de muitas famílias brasileiras, que estão vendo suas rendas caírem por causa da crise do coronavírus. A dificuldade em cumprir os compromissos financeiros é uma dura realidade para os pais, em especial, o pagamento das escolas dos seus filhos.
Desde que as aulas foram suspensas pais de alunos, professores, diretores de escolas e empresas do ramo tem debatido: será que as escolas particulares devem ser obrigadas a reduzir suas mensalidades numa canetada? Essa pergunta não tem resposta simples e a solução apresentada por alguns políticos não é inteligente ou razoável.
Vários projetos estão aparecendo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para que escolas sejam obrigadas a oferecer 30% ou até mesmo 50% de desconto nas mensalidades. Além de serem inconstitucionais, são mais uma daquelas canetadas estatais que não resolvem problemas econômicos e possuem potencial explosivo para efeitos ainda piores.
É um fato que mães e pais estão enfrentando dificuldades financeiras com toda essa crise sanitária. O desespero é real e legítimo. Por outro lado, as escolas também estão enfrentando dificuldades, como o aumento da inadimplência, e estão se desdobrando para evitar a demissão de professores e funcionários. Sem contar a adaptação forçada ao ensino à distância, que não era um projeto previsto no início do ano letivo e possui seus custos de implementação.
Há um argumento sólido de que as despesas das escolas com água e luz foram reduzidas pela suspensão das aulas, afinal, ninguém está frequentando esses ambientes. Porém, eles equivalem entre 3% e 5% dos gastos de uma escola, enquanto os salários representam entre 70 a 85%. Ou seja: não é tão fácil enxugar tantos gastos assim.
E se esses descontos obrigatórios e abruptos forem aprovados, há um grande risco de um efeito boomerang acontecer. Demissões em cadeira, continuidade do ensino prejudicada, falência de pequenas escolas e queda no desempenho educacional das grandes redes. No saldo de tudo isso, temos um evidente prejudicado: o próprio aluno.
Precisamos pensar em soluções criativas. A negociação de mensalidades pode ser feita caso a caso, de acordo com as condições de cada família. Alternativas para o fluxo de caixa podem ajudar as escolas a manterem sua estrutura funcionando, por exemplo, oferecendo descontos seletivos para quem antecipar mensalidades. Por fim, a educação à distância pode ser viabilizada para continuar a oferta do serviço, valorizando os professores contratados e desenvolvendo outras habilidades que a ausência em sala de aula proporciona.