A Prefeitura de BH anunciou a construção de conjuntos habitacionais em três áreas do Castelo, para combater o déficit habitacional. Mas essa medida não está levando em conta a criação de novos problemas, enquanto existem soluções mais simples para a falta de moradia na cidade.
O Castelo já é um bairro adensado da cidade, que possui um número elevado de moradores para a atual estrutura instalada. A região já sofre com a falta de escolas, hospitais, delegacias, praças e transporte público. Aumentar a oferta de moradias, com novos conjuntos habitacionais, vai gerar inúmeros impactos. Mais gente, mais trânsito, mais pressão sobre serviços públicos que já são precários.
Moradores teriam que lidar com um aumento exponencial da demanda por infraestrutura que hoje já não é suficiente. Um exemplo concreto é o transporte público: há poucas linhas de ônibus que conectam a região ao centro da cidade. Dá para imaginar a sobrecarga que será provocada no transporte da região com a construção de conjuntos habitacionais no Castelo.
A população que mora no castelo pede a construção de praças e parques, buscando refúgio do calor da capital que mais esquentou no ano passado. Por isso eu e outros vereadores da Câmara Municipal estamos tentando frear a construção dessas moradias, transformando os lotes escolhidos em áreas de preservação ambiental através do Projeto de Lei 661/23 e suas emendas.
Existem outras formas de resolver o problema de falta de moradia na cidade, aproveitando a região onde há mais serviços públicos instalados: o centro. Belo Horizonte possui mais de 108 mil imóveis vazios na cidade, o suficiente para abrigar pessoas que vivem nas ruas sem dignidade e as que vivem em moradias irregulares. Boa parte desses imóveis estão no centro.
Morar no centro traz inúmeras vantagens para quem precisa de moradia popular. Primeiro, a proximidade com equipamentos públicos como hospitais, grandes escolas, pontos de atendimento como o Uai, restaurantes populares. Segundo, evita que essas pessoas passem horas presas dentro dos ônibus, atravessando a cidade para chegar ao trabalho. O déficit de habitação pode ser resolvido trabalhando com o que já existe.
A melhor cidade é aquela que já está construída. Mas, para isso, a Prefeitura precisa ter vontade política para reduzir a burocracia e destravar a revitalização de imóveis vazios no centro.